- Texto enviado pelo historiador Carlos Alberto Fatorelli em homenagem aos 69 anos de morte de Belmonte - Vale a pena ler.
Hoje lembramos os 69 anos da
morte do grande Belmonte, criador do Juca Pato
Benedito Carneiro Bastos
Barreto - Cartunista Belmonte
São Paulo, 15 de maio de 1896 —
São Paulo, 19 de abril de 1947
Belmonte foi o criador da
personagem "Juca Pato": careca "por tanto levar na cabeça",
cujo lema era "podia ser pior", e que encarnava as aspirações e
frustrações da classe média paulistana. Inconformado, sintetizava a figura do
homem comum, trabalhador, honesto, acossado pela burocracia, pelo aumento do
custo de vida e pela corrupção. Numa época pré-merchandising, Juca Pato
estampou carteiras de cigarros, cadernos escolares, balas, água sanitária,
marchinhas de carnaval, além do bar Juca Pato, ponto de encontro de
intelectuais e artistas.
Em 1929 e 1930, o personagem
"Juca Pato" fez sucesso na "Folha da Manhã", atual Folha de
S. Paulo, com suas críticas a Getúlio Vargas e à Aliança Liberal. A Folha da
Manhã apoiava o candidato Júlio Prestes. Com a vitória da Revolução de 1930, o
jornal foi destruído (empastelado), só voltando a funcionar em 1931, com outra
orientação política.
Em 10 de novembro de 1937, dia
da instauração do Estado Novo, publicou uma charge em que Juca Pato lia trechos
da constituição americana, tendo em segundo plano a Estátua da Liberdade. Posteriormente
foi obrigado pelo DIP a tratar somente de temas internacionais. Fez as
ilustrações da primeira edição do livro O Poço do Visconde, de Monteiro Lobato,
publicado em 1937 e também dos demais livros escritos para o público infantil,
até 1947.
Nessa época, Belmonte escreveu e ilustrou sua obra sobre São Paulo dos
primeiros séculos: 'No tempo dos bandeirantes".
Três anos após a Segunda Guerra
Mundial, após seu falecimento em consequência de tuberculose, foi publicado o
livro Caricatura dos Tempo, republicado pela Editora Melhoramentos em 1982. As
caricaturas reunidas nesse livro permanecem até hoje exemplares das relações
internacionais do período entre 1936 e 1946, tendo sido traduzido para diversos
países da América Latina.
Em janeiro de 1945, às vésperas da rendição alemã, Joseph Goebbels, em uma das
derradeiras transmissões pela Rádio de Berlim, atacava o conteúdo do livro de
charges estrangeiro: Certamente, disse Goebbels, o artista foi pago pelos
aliados ingleses e norte-americanos.
Além de álbuns de caricatura,
escreveu também crônicas e contos humorísticos (Ideias de João Ninguém, 1935) e
estudos históricos (No tempo dos bandeirantes; Brasil de outrora; Costumes da
América Latina). Foi um dos melhores ilustradores das obras infantis de Monteiro
Lobato.